TEMPORADA ALEMÃ – PARTE 3

junho 25, 2009

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Agora vou registrar uma de minhas paixões, talvez seja o restaurante que mais marcou meu início de carreira gastronômica, abro espaço para um tremendo restuarante o Frohsinn Extra Gut, localizado em Blumenau – SC.

Era início dos anos 90 quando fui convidado à realizar um evento em Blumenau, acreditem em uma cidade quase totalmente germânica existe uma grande comunidadade italiana, tratava-se da Festaitália, um maravilhoso jantar para 8.000 convidados, com shows típicos e alguns musicos internacionais, como destaque viriam a Rita Pavone e Mafalda Minosi. Junto aos parceiros Carlos Alberto proprietário dos buffets Silver House e Mac, e Sílvio Lancellotti meu cúmplice em várias atividades, acertamos os detalhes com a prefeitura e demos início ao planejamento. Mal posso acreditar até hoje como fomos capazes de realizar tal proeza, preparar um jantar para este volume de convidados é uma tarefa que poucos profissionais se propoem a executar, imaginem que não havia nem cozinha suficiente para tanto, tivemos que improvisar, levamos todos os equipamentos e utensílios, uma comitiva de profissionais à nível de chefia e contratamos vários ajudantes da região. Montamos tudo em dois meses, só para ilustrar o tamanho da loucura como geladeira improvisamos uma câmera fria com um caminhão frigorífico o qual ligamos junto à rede elétrica da atual Vila Germânica e um marceneiro se incumbiu de construir uma escada e as prateleiras internas para melhor dispormos do improvisado veículo. Um dia conto melhor esta história, por hora me limito a contar que o jantar foi um enorme sucesso e o Prefeito da época, não me recordo o nome, comentou em seu discurso de encerramento que este teria sido o melhor jantar que a cidade já havia visto, tal desempenho ainda nos rendeu a organização da parte gastronômica da Oktoberfest em 1995.

Neste período por conta destes acertos comerciais acabei ficando na cidade onze meses e confesso que me apaixonei pela região, comecei desbravando os restaurantes que existiam pelo caminho do Hotel até a Vila, não foram grandes experiências mas em certo momento, como o convívio na cidade era grande, começamos a pegar algumas dicas, nos sugeriram então o tal Frohsinn, coube a mim e o Carlos Alberto testar o local. Chegamos ao local indicado, tivemos que pegar uma estradinha que subia uma montanha, chegamos a ficar um pouco apreensivos pela condição precária da via, mas ao chegarmos no topo nos deslumbramos com um castelo germânico simplesmente lindo, internamente era um ambiente de estilo rústico medieval apenas interrompido por um piano colocado em meio às mesas. Sentamos em uma mesa na varanda e nos encantamos com a marailhosa vista da cidade em seu entardecer, prontamente fomos atendidos por um educadíssimo garçon que nos ofereceu o cardápio que continha basicamente pratos da culinária alemã, ao correr or olhos pelas preparações me deparei imediatmente com a minha maior paixão, o Hackepeter “Beefsteak Tartar” (preparação de carne crua, preferencialmente filet mignom, marinada em vários condimentos, prometo a receita semana que vem), solciitamos a entrada a qual corretamente foi preparada pelo Maitre junto à mesa, além de perfeito ainda posso afirmar que em todos estes anos foi o melhor que já comi. Como a intanção era testar o restaurante solicitamos como prato principal o “schlachplatte” que nada mais é do que a combinação de várias preparações em um prato único, contendo basicamente “kasseler”(bisteca de porco defumada e grelhada), “heisbein” (joelho de porco defumado e frito até pururucar), misto de salsichas alemãs, purê de ervilhas, batatas coradas alemãs e chucrute, maravilhoso……

Recordo que frequentei o local inúmeras vezes, era o meu preferido e costumava falar aos sete cantos que na minha opinião era o melhor restaurante do País, senti muita saudade do local e passados 10 anos retornei enfim ao lugar, com toda a galera de Floripa que já deveriam estar meio curiosos de tanto eu falar da casa. Me deparei com o mesmo ambiente, o mesmo atendimento perfeito como nos velhos tempos, clássico e de bom gosto, o mesmo Hackpeter, mas infelizmente o Schlachplatte estava muito bom mãs não perfeito como antes, o “apefelstrudel” já não era mais o mesmo nem tão pouco o consistente creme feito com nata estava igual, talvez eu tenha ficado mais exigente, mesmo assim me emocionei bastante em dividir com meus amigos um dos locais que mais marcaram minha vida gastronômica e fiquei feliz demais com a oportunidade de retornar, sempre que estiver em Blumenau minha passagem por lá é obrigatória, continua sendo um tremendo restaurante.

Frohsinn Extra Gut

R. Gertrud Sierich, 940 – Bairro Vorstadt – Blumenau – SC
Fones: (047) 3326-6050 e 3322-2137
http://www.frohsinn.com.br/

TEMPORADA ALEMÃ – PARTE 2

junho 19, 2009

eisenbahn[1]

Próxima parada a espetacular Eisenbahn, já conhecida aqui na parte sudeste pois esta sim é produzida em duas formas, o chopp e a cerveja, esta última encontrada nas melhores casas do ramo. Estava lotada a visitação, uma turma após a outra, lógico que entramos na fila e rapidamente fomos chamados, embora a moça que apresentou a produção fosse muito bem informada foi uma pena que não era o mestre cervejeiro que tutoriava a visita, daria mais charme e menos frieza ao passeio, mas a degustação foi maravilhosa, aliás foi a melhor cerveja e o melhor chopp que tomei na região. Igualmente degustamos diretamente do tonel final e foi simplesmente show, temperatura do produto 0ºC, e super cremoso.

Ao final da visita nos colocamos em uma mesa dentro de um pequeno e charmoso bar que igualmente fica em frente à fábrica e também tem motivos alemães em sua arquitetura, o chopp estava perfeito, abrimos o cardápio e nos deparamos com vários petiscos alemães, depois conto mais destes, tamém havia uma fina e saborosa linguiça hungara, e lá fomos nós para o teste drive de cervejas e petiscos. Como se tudo isso não fosse o bastante era dia dos namorados, chegou um casal tipicamente vestido, montou uma aparelhagem de som e deu início às canções típicas em ton acústico, claro que ficamos no local até a madrugada.

A parte igualmente triste da história é que a espetacular cervejaria também já foi comprada por uma das grandes e continuo na torcida para que não mudem o produto.

A Eisenbahn fabrica oito tipos de cerveja sendo eles, com 4,8% de teor alcoólico, a Pilsen, a Kölsh de aroma levemente frutado com 4 tipos de malte, a Pale Ale de cor âmbar com mais aroma lupulado, a Weinzenbier a base de trigo, originária do sul da Alemanha, a Dunkel escura do tipo lager e de baixa fermentação e ao contrário de muitas escurecida com maltes torrados ao invés de caramelo, já com maior teor alcoólico vem a Strong Golden Ale mais encorpada com origem belga, a Rauchbier desenvolvida com maltes defumados, a Weihnachts Ale igualmente originária da Bélgica e produzida na época das festas Natalinas, a Weizenbock que combina os sabores da Weizen com a Bock, ou seja escura à base de trigo e a Orgânica, primeira do tipo no país, produzida com produtos certificados, sem agrotóxicos ou fertilizantes sintéticos…..ufaaa!!!

Como o assunto é cultural gastronômico e matando a curiosidade de vocês, os acompanhamentos ideais para estes outros tipos de cerveja são os seguintes, a cerveja Kölsh é uma boa parceira para receitas mais delicadas tipo saladas e peixes leves, comidas japonêsas e frutos do mar, quanto aos queijos escolha o Chèvre, Brie e Camembert, já a Weinzenbier escolta pratos picantes como as culinárias mexicana, tailandêsa e indiana além dos queijos Boursin, Brie e Camembert, a Dunkel combina com partos de origem agridoce, presuntos defumados e preparações com base de funghi, seu sabor é melhor definido junto aos queijos duros como o parmesão, o Grana Padano e o Peccorino, a Strong Golden Ale se faz parceira dos frutos do mar e algumas iguarias mais pujantes, com os queijos do tipo Reblochon e os azuis Gorgonzola e Roquefort, a Rauchbier acompanha perfeitamente os maravilhosos charutos e os pratos a base de defumados, lógicamente os queijos da mesma categoria como o Provolone, a Weihnachts Ale se enamora melhor com assados como caças, carneiro e cabritos, perfeita para as ceias de final de ano, combina com a maioria dos queijos embora eu prefira degustá-la com os semiduros Gruyere, Emmental e Gouda, a Weinzenbock tem seu melhor sabor quando acompanha preparações mais encorpadas como o Goulash e pratos à base de temperos marcantes, com os queijos azuis Roquefort e Gorgonzola, por fim a Orgânica que por ser leve combina com os pratos mais delicados, queijos do tipo Boursin, Mozzarella de Búfala, Brie, Camembert entre outros.

Encerrando esta parte cervejeira no Blog é bom citar que a maioria destas cervejarias alemâs seguem a Lei da Pureza (Reinheitsgebot) que foi instituida em 1516 pelo Duque Guilherme IV da Baviera. Essa Lei determina apenas o uso de água, malte de cevada e lúpulo, proibindo o uso de produtos químicos e de outros cereais como milho e arroz. Seu objetivo é garantir a qualidade do produto servido. É considerado um dos mais antigos códigos de alimentos vigentes no mundo.

Na verdade o que mais combina com a cerveja é a boa compania….então Prost (um brinde à sua saúde)


TEMPORADA ALEMÃ – PARTE 1

junho 18, 2009

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Semana passada, no feriado, aproveitei para dar uma escapada e fui passar alguns dias na parte mais germânica do Brasil, a região de Joinville em Santa Catarina. Para quem não conhece fica aqui a dica, simplesmente lindo, é como se sentir com um pé na Europa, além da cidade acima citada ainda passei por Pomerode e Blumenau e aproveito este meu espaço para contar um pouco desta aventura gastronômica.

Como cúmplices o pessoal de Floripa, então já da para imaginar que o passeio foi repleto de bares e restaurantes. Começo por um dos produtos que sou mais fã, a cerveja. Visitamos algumas cervejarias e além de aprender um pouco mais sobre esta maravilhosa bebida aproveitamos várias degustações, uma verdadeira festa…..Prost.

A primeira visita foi na Schornstein, chegamos de última hora e a visitação já estava encerrada, como a educação é o ponto forte da região bastou uma pequena conversa para sermos recebidos pelo mestre cervejeiro que orgulhoso nos apresentou a fabrica e explicou todo o processo de sua preciosidade. Lugar impecávelmente limpo e organizado, aliás todas as cervejarias que visitamos. Foram nos apresentados os produtos que originavam a cerveja, o lúpulo e o malte, ouvimos atentamente a aula acompanhando o caminho do produto até seu ponto final…e haja sede. Chegamos ao fim da apresentação e nos foi servido diretamente do tonel um espetacular chopp pilsen cristal….yessssssss. Próximo passo foi a parada no lindo bar que se encontra à frente da fábrica, um singelo castelo alemão bem aconchegante.

A parte triste da história é que a maravilhosa cervejaria já foi comprada por uma empresa de maior porte, espero que não aconteça o que rolou com a Bohemia, vou torcer muito para que não mudem o produto. Falando em produto, eles fabricam somente chopp, por enquanto não pasteurizam para virar cerveja, não havendo engarrafamento então o unico lugar em que se pode apreciar a Schornstein é na própria região. Fabricam chopp Pilsen Cristal, Pilsen Natural do tipo lager, Bock mais encorpado com 7% de teor alcoólico e a Pale Ale de sabor mais frutado com 5% contra os costumeiros 4,5% de teor alcoólico dos pilsens normais.

As cervejas do tipo Pilsen harmoniam com peixes delicados, moluscos, crustáceos, comida japonesa, salsichas e saladas, além de serem ótima escolta aos queijos do tipo Brie, Camembert, Gruyère, Emmental, Appenzeller e o Chèvre. As do tipo Bock combinam com preparações mais vigorosas tipo goulash, assados de caça com molhos à base de vinho, carnes de porco e pimentas em geral, escoltam perfeitamente queijos defumados como o provolonee os marcantes Roquefort e Gorgonzola. Já a Pale Ale combina com assados bem temperados como o carneiro, salsichas e chucrute, queijos como o Parmesão, Grana Padano e Gouda. 

Continua amanhã…..